Powered By Blogger

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Teobaldo, o décimo terceiro.

Caros amigos, estou, como falei no tópico anterior, criando um novo projeto e gostaria da ajuda de todos. Estou escrevendo um livro, um romance sobre a vida de Jesus Cristo, só que bem diferente do que seria o convencional. No momento estou trabalhando no primeiro capítulo, e gostaria que vocês dessem uma olhada e algumas sugestões. Aqui está a prévia.

Por Saul Farias



Teobaldo, o décimo-terceiro apóstolo.

Caro leitor,

Meu nome é Teobaldo e eu sou o décimo terceiro apóstolo de Cristo. Eu sei que provavelmente você nunca ouviu falar de mim, até mesmo porque, não existe nenhuma evidência que eu tenha existido. Existe, é claro, um bom motivo para que meu nome tenha sido limado dos anais da história, assim como qualquer menção na Bíblia. É porque eu decidi falar a verdade, e, durante a idade média, a verdade não poderia ter sido exposta. Sim, a censura não é uma coisa nova.

É incrível a proporção que as coisas tomaram após a época da vida de Jesus, se soubéssemos o que iria acarretar, pilhas de mortos, a homofobia ainda vigente, preconceito em um mundo que deveria ser secular e ter evoluído através do progresso científico, tudo isso em nome dele, nós provavelmente não teríamos levado o plano adiante. Jesus poderia até ter previsto esses acontecimentos, mas seu ego era grande demais para simplesmente deixar passar a oportunidade de brilhar, e ele sabia que não viveria para assistir as consequências de seus atos. Confesso que nós, que estávamos com ele, fomos gananciosos. Eu fui ganancioso, e agora tento tirar o gosto amargo dessa sede de poder atráves desta narrativa. Provavelmente eu serei crucificado por isso (certo, eu usei o trocadilho propositadamente), mas eu não me preocupo, já faz eras que não perambulo mais por esse mundo, então as punições já não mais se aplicam, e nada mais justo que todos saibam a verdade.

Esse pequeno capítulo conta como eu conheci Jesus, e um pouco sobre sua personalidade (que ficará mais detalhada a medida que este relato se desenvolver).

As feiras em Nazaré eram fantásticas, diversas barracas de comércio e de prestação de serviços atraiam verdadeiras multidões. Eu trabalhava com meu pai vendendo peixes, e adorava, pois podia conversar com muitas pessoas e aprender muitas coisas. Foi em uma dessas feiras que Jesus apareceu. Enquanto atendia uma velha senhora, ele se aproximou de mim e me perguntou se eu poderia emprestar um toldo que não estávamos usando para proteger sua barraca do sol, uma vez que esquecera de trazer o seu. Eu, que sabia que meu pai trazia o toldo sobressalente exatamente para situações como esta, disse que poderia pegar. Terminei de atender a senhora e fui ajudá-lo a transportar, foi quando tive o primeiro contato com ele. Pude notar que tinha a pele bem escura, olhos negros fundos e trejeitos tranquilos, que inspiravam confiança e compaixão. Desde aquele momento sabia que deveria conhecê-lo melhor, afinal, apesar de todas as pessoas que conhecia de passagem na feira, eu tinha poucos amigos da minha idade, e julgava que aquele garoto, por volta dos 14 ou 15 anos, que trabalhava assim como eu, poderia ser um companheiro para conversas e diversões. Carregamos o toldo até o lugar onde ele havia montado a barraca com um outro homem mais velho, agradeceu-me e voltei para junto de meu pai na banca de peixes. No final do dia, Jesus trouxe-me o toldo de volta, aproveitei, então, para fazer-lhe algumas perguntas. Ele me contou que fazia dois anos que estava em Nazaré com sua família, mas que a maior parte de sua infância havia passado no Egito. Disse que estava muito feliz na nova cidade e que estava se habituando a vida ali. Falou também que gostava do ofício que estava aprendendo, a carpintaria, e que adorava trabalhar. Quando perguntei se o homem que estava com ele era seu pai, ele me respondeu que de certa forma era, pois o havia criado como tal. Conversamos durante muito tempo e ele parecia muito satisfeito de poder falar sobre si mesmo para outra pessoa, pois seus olhos negros brilhavam enquanto discursava, mas ao mesmo tempo, oferecia bastante atenção ao que eu tinha para contar. Quando percebemos que escurecia, decidimos nos despedir e irmos para as nossas casas. Lembro-me de caminhar pelas ruas feliz naquela noite, pois tinha feito um novo amigo.


Nossa amizade cresceu, pois a partir daquele dia começamos a nos encontrar depois do trabalho para conversarmos e brincarmos. Nossos assuntos eram os mais diversos, mas Jesus gostava mesmo de falar sobre as coisas que aprendera durante sua estada no Egito. Contava que teve contato com as crenças egípcias e que aquelas histórias lhe causavam um fascínio enorme, em especial pela figura de Hórus, deus que compunha uma trindade, junto com Ísis e Osíris. Hórus tinha uma história interessante, ele havia nascido de uma virgem, foi batizado por Anup, o batizador, vagou pelo deserto sendo tentado pelo mal, mas conseguiu vencer, teve doze díscipulos, acabou morrendo, sendo enterrado e após três dias, três mulheres constaram que ele havia ressussitado e ascendeu aos céus, sendo geralmente considerado pelo povo egípcio como "o salvador". Ele me contava com entusiasmo esses contos e falava que gostaria que o judaísmo, religião pela qual foi criado, tivesse histórias como essa. Certa vez falou que gostaria de ser como Hórus, porque seu nascimento seria algo divino, ao invés do constante questionamento que possuía sobre quem seria seu pai. Após falar isso, calou-se como que constrangido com o que acabara de dizer.
Suas predileções pela teoloigia não tinham limites, lembrava que fora visitar o Templo Judeu com José, o homem que o havia criado, aos 6 anos de idade, e que os pregadores ficaram abismados com o seu rápido aprendizado das doutrinas judáicas. Conhecia sim, todas as histórias, boa parte por causa do fervor de José em doutrinar Jesus nos preceitos do judaísmo, pois acreditava que isso faria dele um homem de bem.